À crescente valorização do estatuto da informação, pelo menos desde o final do século XIX, articularam-se diferentes momentos de seu exame, uso e entendimentos. Pode-se dizer que a trajetória das interrogações e respostas sobre a informação co-responderam, no sentido de que responderam juntamente e em cada tempo, aos modos de sociabilidade, de produção e distribuição de bens e conhecimentos, às inovações tecnológicas e ao pensamento filosófico. A afirmação de Nietzsche (1994, p. 100, tradução livre nossa) de que "[...] só se (...) pode definir o que não tem história", parece indicar, como no caso da informação, uma historicidade própria dos conceitos, que condensam, apresentam e ocultam disputas de construção de realidade por significações. (shrink)

Os estudos das ciências têm apontado transformações no regime de produção de conhecimento em diferentes modelos (modo2, tríplice hélice, ator-rede, pós-acadêmico etc.), enfatizando suas características interdisciplinares, multiatores e multilocais. Buscando explicar a realidade, modelos criam imagens interpretativas que nela interferem por funcionarem como parâmetros para o agir. As diferenças e prognósticos implícitos que apresentam indicam não só cargas locais, culturais ou ideológicas na sua construção mas, especialmente, que diferentes forças em ação ainda não encontraram estabilização, de modo que estaríamos ainda (...) num momento de transição. (shrink)

A organização da Ciência da Informação por paradigmas (físico, cognitivo e social), realizado por Rafael Capurro, respondia às demandas de unificação do campo por banimento de concepções que proliferaram no campo a partir dos anos 1980. Acalmado o receio de fragmentação, pode-se retomar as concepções que inauguraram a Ciência da Informação, examinando alguns de seus diferenciais, que correm o risco de ficar ocultados sob o termo “paradigma físico”. Na retomada de reconhecidos teóricos, historiadores e epistemólogos do campo nos anos 1960 (...) e 1970, é possível identificar dois grupos na Ciência da Informação de origem americana, com diferentes objetivos de pesquisa. A estes dois objetivos correspondem duas abordagens e “tipos” de informação em exame: informação para ciência e tecnologia (abordagem documentalista) e informação sobre a ciência e tecnologia (abordagem matemática). No exame da Informátika soviética a bem de seus diferenciais teóricos e conceituais, os mesmos objetivos, assemelhando-se às duas abordagens americanas. A abordagem documentalista respondia às demandas de informação dos pesquisadores, remontando o pós-primeira guerra e a segunda, abordagem matemática, respondia às demandas dos estados americano e soviético pós segunda guerra. (shrink)

Studies are pointing to changes in scientific knowledge production systems regarding different models (mode2, triple helix, actor-network, post-academic etc.), emphasizing its interdisciplinary, multiplayer and multiplace characteristics. When seeking an explanation of reality, models create interpretive images that interfere in the reality, as they operate offering parameters to actions. The differences and implicit forecasts they present point not only to local, cultural or ideological burdens in its construction, but especially that the different intervening forces have not yet found stability, indicating that (...) we are still going through a time of transition. (shrink)